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A Dor Existencial Humana


O que é e de onde vêm a dor existencial que por vezes nos acomete, sem sabermos o porque? A angústia, sentimento básico do ser humano, é na verdade uma expressão de nossa luta contra esta dor? No texto abaixo, reproduzo uma reflexão a respeito das nossas questões existenciais básicas que geram alguns de nossos temores mais básicos, são elas vida e morte, liberdade / responsabilidade e escravidão, isolamento existencial e falta de sentido para a vida.


Peço que deixem suas opiniões e comentários.


“Creio que o principal material da psicoterapia é sempre essa dor existencial. E a angústia básica emerge dos esforços, conscientes ou inconscientes, do indivíduo para lidar com os fatos duros da vida, os “dados” da existência.


Descobri que quatro dados são particularmente relevantes para a psicoterapia: a inevitabilidade da morte para cada um de nós e para aqueles que amamos, a liberdade de viver como desejamos, nossa condição fundamental de solidão e, finalmente, a ausência de qualquer significado ou sentido óbvio para a vida. Embora esses dados possam parecer terríveis, eles contêm as sementes da sabedoria e da redenção.


Destes fatos da vida, a morte é o mais óbvio, intuitivamente o mais evidente. Em uma idade bem precoce aprendemos que a morte virá, e que dela não se pode escapar. No âmago de cada pessoa há um eterno conflito entre o desejo de continuar a existir e a consciência da morte inevitável.


Observei dois métodos particularmente poderosos e comuns de diminuir os medos em relação à morte, duas crenças, ou ilusões, que proporcionam um sentimento de segurança. Uma delas é a crença na qualidade pessoal de ser especial; a outra, a crença em um supremo salvador.


A liberdade, como um dado, parece a própria antítese da morte. No entanto, a liberdade, sob uma perspectiva existencial, está vinculada à angústia ao afirmar que, contrariamente à experiência cotidiana, não entramos para um universo bem-estruturado com um grandioso desígnio eterno para finalmente deixarmos. A liberdade significa que a pessoa é responsável por suas próprias escolhas, ações e condição de vida.


É pela vontade, o principal motivo da ação, que nossa liberdade se desenvolve. Eu vejo a vontade tendo dois estágios: uma pessoa começa por meio do desejo e depois realiza, por meio da decisão.


O isolamento existencial, um terceiro dado, refere-se à lacuna intransponível entre o eu e os outros, uma lacuna que existe mesmo na presença de relacionamentos interpessoais profundamente gratificantes. Estamos isolados não apenas dos outros seres, mas, no âmbito em que constituímos nosso mundo, também do mundo.


Se a morte é inevitável, se todas as nossas realizações, na verdade todo o sistema solar, irão um dia jazer em ruínas, se o mundo é contingente (isto é, se tudo pudesse ter acontecido igualmente de uma outra maneira), se os seres humanos precisam construir o mundo e o desígnio humano dentro deste mundo, então que significado duradouro pode existir na vida? Essa pergunta incomoda os homens e as mulheres de hoje, e muitos buscam terapia por sentirem que suas vidas não têm sentido nem objetivo. Nós somos criaturas que buscam significados.”


Fonte: Yalom, I. 2007

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